Por mais incrível que possa parecer, hoje fui criticado por ser correto. "Você é certinho demais e isso me irrita às vezes", essas palavras veio de uma pessoa muito próxima e não chegam com a mesma intensidade de uma crítica de apenas um conhecido. Porém foi o suficiente para refletir: será que na contemporaneidade não há espaço para o justo e o correto?
Alguns indícios vou recolhendo no dia-a-dia.
Sou incapaz de entrar em um coletivo antes das mulheres, é uma questão de respeito e de defesa da integridade alheia. Não uso o fator corporal para ganhar vantagens espaciais em um ônibus. Chego a me levantar para ceder um lugar. Porém, quase sempre, sou obrigado a me equilibrar com minha mochila e bolsa sem que uma alma faça a gentileza de carregá-las, inclusive as mulheres que deixei embarcar na minha frente.
Outra coisa que não passa por minha cabeça é pensar que meu tempo tem mais valor e importância do que o dos outros. Respeito filas, ordem de chegada etc. Entretanto, algumas pessoas levam ao pé da letra a expressão que "tempo é dinheiro" e para não perderem o delas, faz com que eu perca o meu.
Uso o senso de justiça. Para aquele que fez bem feito, elogio; para aquele que não conseguiu, estimulo a buscar o acerto. Afinal, toda ação buscando o acerto já é, de origem, certa. E como é difícil ouvir um elogio, um reconhecimento... Por outro lado a crítica vem com o vento...
Assim eu nasci, assim eu cresci e espero assim morrer. Minha dignidade ou o meu caráter não tem preço. Embora gosta de Machado de Assis, não sigo a máxima de suas histórias, em que a vantagem social paga qualquer dano moral. Não aceito gaiola sou rédeas financeiras, sol um cavalo selvagens cavalgando em direção do horizonte. Posso estar em muitos lugares, mas pertenço apenas a mim mesmo.
A minha correção pode não me levar a vitórias ou a riquezas, entretanto me mantém em contato com minha essência. Como diz uma bela canção:
Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz
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