terça-feira, 13 de março de 2012

Aqui ninguém vai para o Céu...

Na mais bela metáfora grega, Cronos gerava e devorava os seus filhos, por medo de ser destronado. Assim é o tempo que gera a vida e a toma. Mas o trono do tempo ninguém tira... Zeus não está entre os homens. E diante da impossibilidade de destronar nosso pai tempo, buscamos outros tronos possíveis. Competir, impor-se e conquistar... Seria lindo em um texto sobre as cruzadas. Mas a reflexão é contemporânea.

Em uma terra de tantos desperdícios, nada mais o é do que o tempo. Gastamos tanto o nosso tempo que ficamos sem tempo para oferecer às pessoas. Assim deixamos de ser pais e não vemos nossos filhos crescerem; assim perdemos os nossos amigos, ficando com a dor; assim perdemos quem amamos e ao procurar encontramos a solidão.

Cronos não mais nos persegue, nós que vamos em rota de colisão com ele. Nossas buscas nos faz fortes e vamos a passos largos, pisando em que estiver no caminho. Nossa competitividade é quem devora os outro com medo da derrota. Somos os verdadeiros herdeiros do tempo. mas um dia encontraremos também nossa derrota diante do nosso Zeus.

De dentro do ônibus, no semáforo, sentimos como se pudêssemos parar o tempo. E, nesse instante, olhamos pela janela e vemos que o mundo está lá fora. No carro parado ao lado, no pedestre que atravessa correndo e no olhar exausto da vendedora de jornais. Ela corre contra o tempo e nós ignoramos o nosso. Ela limpa o suor da testa, respira fundo, bebe água e sorrir. E nós que procurávamos a salvação ou a perdição de um Zeus, ali ganhamos nosso gole de vida...

Não precisa morrer para ver Deus!




Nenhum comentário: