segunda-feira, 22 de maio de 2017

Se minha alma fosse uma pintura


Se minha alma fosse uma pintura
Seus traços seriam feitos por Gericault
Não tem o aprumo das formas de Ticiano
Nunca fui muito bom em equilíbrio e razão.

Minha alma foi um processo longo
Retorcimento constante de emoção
Deformação friamente construída
E a obscuridade de quem nasceu hermético.

O meu sofrer tem o silêncio de árvore
Que, os seus galhos, zéfiro esqueceu de soprar
Tronco marcado por inúmeras promessas de amor
E copa muito distante para poder alcançar.

Se a vida foi sempre outonos e invernos em mim
Se minhas folhas verdes perderam a cor é caíram
O meu último ato é o sacrifício de devolver à terra
Tudo o que inutilmente investiu em mim.
Cael Soares

Tela: "Um Náufrago", de Gericault.

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