quarta-feira, 27 de julho de 2016

Arte de ouvir



É preciso aprender a ouvir. Acho que essa sempre foi minha maior escola. Sou um colecionador de histórias. Elas foram minha bússola para caminhar nesta tão difícil estrada que é o viver. Meus professores foram pessoas com as quais convivi e ainda convivo. Meus avós, minha mãe, meu padastro e meus irmãos, minha namorada e meus filhos, meus mestres na escola, os escritores e poetas, meus colegas de trabalho, meus alunos e todas as pessoas que me dão a honra de poder ouvi-las. Não sou doutor ou mestre acadêmico, minha formação cresceu nas ruas. sou feliz por isso! Hoje ninguém tem tempo para ouvir o outro, ou interesse.


O mundo vai ficando menor e menos encantador porque ninguém que romper seus próprios limites. Os escritores e poetas estão morrendo; aos artistas ninguém se dá o prazer de observá-los; a lua ilumina a noite sem ninguém mais para admirá-la; o sol nasce e se põe sem ninguém para observá-lo; as pessoas expõem sua alma, mas as pessoas só se importam com sua aparência; o mundo e todas as coisas nos fala o tempo todo.


Um dia me disseram que eu vejo, ouço e falo com olhos, ouvido e boca de poeta, mas o mundo é muito cruel e devora pessoas como eu. Nunca tive do mundo nada além do que coisa para contemplá-lo, os homens sim, que sempre foram muito cruéis. Mas as histórias contadas por alguns homens e mulheres sempre me curaram e me curam da crueldade de parte da humanidade e realimentam minhas utopias. Aprendi com Eduardo Galeano que as utopias são como o horizonte, quando mais caminhamos na sua direção, mais elas se afastam.


Que a vida me permita caminhar até o fim de meus dias!