O meu pecado não foi obra do acaso. Plano meticuloso, estudo aprofundado e trabalho árduo. Falhas não cabiam em uma engenharia tão complexa e exata. A perfeição sugeria um caprichoso milagre, mas não procurava remissão ou qualquer tipo de alento. Era e seria sempre um pecado, o meu pecado.
A robustez de sua estrutura era agressiva. Retas, semi-retas, curvas e ângulos desenhavam o inimaginável. A gravidade agia sobre sua consistência e o peso tornava-se insuportável.
Mas, como o peso do mármore se dissolve pela suavidade da artista, a engenharia do meu ser fez a máquina do meu pecado funcionar. No calor latente de mil turbinas e no vendaval de hélices a girar, o meu pecado flutuou na brisa e com ele, subi ao céu.
O meu pecado me fez mais leve que o ar.
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